Tenho observado um número cada vez maior de corredores e triatletas utilizando uma meia diferente durante seus treinos. É um acessório semelhante ao “meião” de futebol, mas que possui propriedades diferentes. Trata-se de uma meia de compressão, também denominada compressiva. Na verdade, essas meias já vinham sendo usadas por pessoas com problemas circulatórios e também para auxiliar no processo pós-operatório.
As meias que os atletas estão usando são versões mais esportivas, com material mais resistente e um grau de compressão diferente. Será que elas funcionam? Apesar da “febre” das meias compressivas, acho importante investigar a eficácia do produto. Por isso, fiz uma busca em periódicos científicos e encontrei um estudo bastante revelador.
A pesquisa, realizada em 2009, submeteu 21 corredores bem treinados (média de 40 anos de idade, 16 anos de treinamento em corrida e média de 40minutos nos 10km) a um teste de esforço realizado em esteira, iniciando com 9 km/h (ritmo de 6min40seg/km). A cada 5 minutos, a velocidade da esteira aumentou 1km/h, indo até a exaustão de cada atleta. Importante: os corredores realizaram o teste duas vezes, a primeira sem as meias compressivas e a segunda com as meias. Em ambos os testes foram feitas análise de consumo de oxigênio e dosagem da concentração de ácido lático no sangue. O intervalo entre os testes foi de até dez dias, justamente para que o treinamento não influenciasse os resultados obtidos. Abaixo, é possível visualizar os resultados.
Enquanto no teste sem as meias os corredores suportaram até 35 minutos de esforço, no teste com as meias compressivas o grupo pesquisado suportou 36,44 minutos, ou seja, um minuto e vinte e seis segundos a mais.
Outras variáveis fisiológicas foram pesquisadas, como Consumo Máximo de Oxigênio, Limiar Anaeróbio e também foram encontradas evidências de um pequena melhora nestes índices com o uso das meias de compressão.
A conclusão dos pesquisadores? O efeito compressivo das meias pode oferecer ganhos entre 2% e 6% na performance em corredores bem treinados, para provas de 10 quilômetros, meia maratona e maratona.
Vale ressaltar que os atletas analisados eram do sexo masculino, tinham em média 16 anos de treinamento em corrida e ótima condição física. Falta encontrar estudos que investiguem os efeitos do treinamento em corredores iniciantes e também em mulheres. Não podemos simplesmente generalizar os achados para outros grupos de atletas.
Por último, gostaria de destacar que, antes de adquirir uma meia de compressão, o corredor deve consultar um médico especialista na área vascular, pois há a possibilidade de efeitos colaterais prejuduciais à saúde, além de ser necessário que o médico prescreva o grau de compressão indicado para o atleta.
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